PARE DE ROUBAR SUA EMPRESA!
Por Renan Kaminski
Vou lhe contar uma história.
Uma história daquelas que só acontecem com os outros, sabe?
Era uma vez um empresário de uma pequena empresa que já existia há um tempo considerável. E este empresário diz que até hoje praticamente nunca recebeu salário! É isso mesmo! Ele afirma pra quem quiser ouvir, que trabalha, trabalha e trabalha e não vê a cor do dinheiro! Aí você pode pensar: “Esse cara está louco!”, “Desista do negócio!”, “Isso é impossível”, entre outros pensamentos comuns.
Mas quando analisamos com um pouco mais de calma começamos a ver o que acontece de verdade:
- O empresário realmente não retira um pró-labore fixo, fazendo, às vezes, eventuais e pequenas retiradas de dinheiro da empresa
- No controle de caixa, quando existe, consta como pró-labore apenas essas eventuais retiradas de dinheiro
Aí você se pergunta: Como este sujeito paga as contas? Vive tudo nas costas da família?
Talvez, mas não! O empresário, muito malandrão, traz todas as suas contas de casa e paga dentro da empresa! Chegou a conta de luz, paga com o dinheiro da empresa. Chegou o condomínio, conta da empresa. Foi no supermercado, cartão da empresa.
Esta é a terceira característica comum:
- Todas as contas pessoais do sócio são pagas pela empresa.
POR QUE VOCÊ ACHA QUE SUA EMPRESA TEM DE PAGAR AS SUAS CONTAS PESSOAIS?
Voltando a história do nosso amigo empresário, ele realmente não retirava muito dinheiro da empresa, mas em compensação trazia todas as contas de casa para serem pagas pelas contas da empresa.
Mas isso não é o equivalente ao salário dele, não?
Claro que sim! Em um cliente que prestamos consultoria e que tinha um caso exatamente igual a esse, tinha mês que o empresário tirava de salário (através das contas que a empresa pagava) de R$5 mil, às vezes de R$8 mil, chegando a R$10 mil só no período que trabalhamos com ele!
Mas ele muito malandro achava que isso não era salário!
Pense o seguinte: se o seu funcionário viesse pedir um aumento porque quer comprar um presente bacana pra esposa, você daria o aumento? É claro que não! Mas só porque você é o dono da empresa você pode receber esse dinheiro extra?
Você precisa separar o dinheiro da empresa do seu dinheiro pessoal!
PARE DE LEVAR SUA EMPRESA À FALÊNCIA!
Veja o que acontece quando você não retira um pró-labore normal:
1. Sua motivação e eficiência caem: você trabalha achando que não recebe salário, por mais que você saiba que, sim, você recebe salário através das contas que a empresa paga, você não vê a cor desse dinheiro. E é bom ver nossa conta bancária aumentar (mesmo que por alguns dias só). Assim, obviamente sua motivação diminui!
2. A empresa fica a mercê do seu (des)controle pessoal: Como você retira o pró-labore à medida em que as contas pessoais chegam, a empresa fica à deriva do seu descontrole pessoal. Num mês você retira pouco e em outro chuta o balde porque pagou uma viagem internacional pra filha!
3. Você boicota a própria empresa! Você vive uma vida confortável, faz as compras moderadamente quando precisa, mas de outro lado sua empresa fica sem dinheiro. E se a empresa fica sem dinheiro, o negócio não vai para frente!
É preciso compreender que: dinheiro da empresa é dinheiro da empresa e o dinheiro pessoal é dinheiro pessoal!
Você precisa receber um salário fixo, assim como seus funcionários, e sobreviver com isso. Se acabar o dinheiro, te vira meu filho! Você, como sócio, deve ser tratado como um funcionário qualquer quando se refere ao salário.
Como fazer tudo isso? Esta parte você vai ter que conferir no post abaixo! Vamos mostrar várias dicas e vários casos para você separar por completo o dinheiro pessoal do dinheiro da empresa, mas guarde esta mensagem: Pare de roubar dinheiro da sua empresa!
5 dicas para você parar de pegar dinheiro da sua própria empresa
No post acima, abordamos sobre os motivos de você precisar separar o dinheiro pessoal do dinheiro da empresa. Para resumir e relembrar: quando você paga as contas pessoais pela conta da empresa ou quando fica retirando dinheiro na medida do necessário você está boicotando-a – e a si mesmo – pois as finanças da organização ficam a mercê das suas peripécias financeiras pessoais. Neste post vamos mostrar como separar o dinheiro pessoal do dinheiro da empresa.
TRATE-SE COMO UM FUNCIONÁRIO DA ORGANIZAÇÃO
A primeira coisa é entender que você é mais um funcionário da organização. Funcionário no sentido que trabalha (muito) para gerar resultados para a empresa. Assim, os interesses da empresa sempre devem falar mais alto. Se um colaborador normal pede um aumento de salário que ele não merece, ele não vai receber! Da mesma forma que você não vai receber um aumento que não mereça (se sua empresa não está muito bem financeiramente, então você ainda não merece).
Portanto, o primeiro passo é pagar o seu salário como você faz para qualquer um dos seus funcionários: valor fixo, uma vez no mês (as vezes divide-se em duas vezes) e não se fala mais nisso!
TENHA CONTAS SEPARADAS
Esta é muito óbvia, mas já vi muito empresário não fazendo. Sua empresa deve ter uma conta corrente e você, como sócio, outra. Sua empresa deve ter um cofre e você outro. A empresa deve ter uma carteira de dinheiro e você outra carteira. Estes dinheiros definitivamente não se misturam!
DEFINA UM SALÁRIO JUSTO
Um salário justo para você e para sua empresa. Imagine uma balança: num lado temos aquilo que você precisa ganhar para sobreviver e pagar as contas pessoais (zilhões de reais) e de outro lado temos o quanto a empresa pode pagar para você (nada). Então, o valor justo é o valor que está no meio?!
Não! Lembra-se que os interesses da empresa sempre falam mais alto? Portanto a balança sempre vai tender a favor da organização!
É simples: se sua empresa paga um salário maior do que ela pode pagar consequentemente ela tem prejuízo. Se tem prejuízo, quem injeta dinheiro pra ela se manter viva? O dono! Então de nada adianta você retirar mais dinheiro do que sua empresa pode pagar!
“Ah, mas acabou meu dinheiro e eu tenho contas pra pagar!” Problema é seu! Ninguém mandou gastar mais do que recebe! Bem vindo à realidade!
RECEBA UM SALÁRIO VARIÁVEL
O resultado financeiro da empresa é consequência da eficiência operacional de toda a equipe. Então, nada mais justo que você definir um salário variável, uma espécie de comissão, sobre os resultados atingidos.
Além de lhe dar uma folga financeira, isso vai lhe motivar a trabalhar mais e trazer mais resultados. Mas atenção! Este variável deve ser muito bem calculado no preço de venda, se não você vai parar de roubar a empresa, mas vai quebrá-la do mesmo jeito por não fazer os cálculos direito!
“A EMPRESA NÃO TEM CONDIÇÕES DE ME PAGAR O SALÁRIO DE UMA ÚNICA VEZ”
Esta é uma situação muito comum entre os empreendedores, principalmente no início da empresa. Devido ao fluxo baixo de dinheiro muitas vezes a empresa não tem caixa para pagar o salário do dono da empresa de uma única vez no início do mês. O que não é um problema para quem já aprendeu que antes de qualquer prioridade está a empresa. Você pode pagar o seu pró-labore “picadinho”. Duas vezes por mês, uma vez por semana ou até mais. Contanto que você tenha pleno controle sobre o dinheiro!
Se você precisa tirar seu salário em dez prestações durante o mês, OK. Contanto que você não ultrapasse o valor estipulado. Se seu salário é R$ 1.000,00, você vai tirar cem pila cada vez. Se é R$ 2.000,00 vai retirar R$200,00. E assim por diante.
Existem inúmeros motivos para uma empresa não dar certo. Os únicos não aceitáveis são aqueles que estão totalmente sob o seu controle. O controle e gestão do dinheiro é um deles. Então pare de roubar dinheiro da sua própria empresa e faça ela crescer!
Fonte: www.insistimento.com.br